Vídeo - Indicações atuais para quimioterapia neoadjuvante em câncer de mama
https://www.youtube.com/watch?v=1-odlJ5DEz4&t=115s
Resumo Reunião Científica - Indicações atuais de quimioterapia neoadjuvante em câncer de mama
Palestrante:
Dr. Antonio Carlos Buzaid
Oncologista Clínico
Coordenadora:
Dra. Aline Rocha Lino
Debatedores:
Dra. Adriana Magalhães de O. Freitas
Dr. Sandro Laércio Reichow
Indicações atuais de quimioterapia neoadjuvante em câncer de mama
A quimioterapia neoadjuvante foi introduzida com o objetivo de reduzir a doença localmente avançada (inoperável) e torná-la operável. Posteriormente, sua indicação se estendeu ao câncer de mama operável (precoce), principalmente para permitir a cirurgia conservadora da mama e reduzir a extensão da cirurgia na axila. Além disso, pode o tratamento pode fornecer informações úteis in vivo sobre a quimiossensibilidade.
Até o momento não nos foi provada diferença em sobrevidas global e livre de progressão entre fazer quimioterapia antes ou após a cirurgia. A resposta patológica completa (RPc), definida como ausência de tumor invasivo na mama e axila, foi proposta como um desfecho substituto para a previsão de benefícios clínicos em longo prazo, como a sobrevida livre de doença e a sobrevida global.
A metanálise liderada pelo FDA (CTNeoBC, Lancet 2014), com mais 13.125 pacientes, nos mostra isso claramente: pacientes que atingem RPc têm melhores sobrevida livre de eventos (HR=0,48) e sobrevida global (HR=0,36) quando comparadas àquelas que não atingem RPc, ou seja, resposta patológica completa é um bom marcador prognóstico.
Por outro lado, a chance de atingir RPc varia enormemente com o fenótipo do tumor, de forma geral: apenas 7% para tumores receptores hormonais positivos e de baixo grau, 16% para tumores receptores hormonais positivos e de alto grau, 34% para tumores triplo-negativos, 30% para tumores receptores hormonais positivos e HER-2+, e 50% para tumores receptores hormonais negativos e HER-2+;
Apresentação de resultados do I-SPY 2 Trial, em San Antonio 2017, mostrou que, independentemente da medicação testada (avaliação de diversos braços com combinações de drogas), a SLE é de 94% nas pacientes que atingem RCp e de 76% naquelas que não atingem RCp, com 3 anos de seguimento
Em tumores com HER2 positivo, temos avançado nas terapias, e hoje sabemos baseado que o duplo bloqueio do HER2 nos dá 60% chance de resposta patológica completa em tumores com receptor hormonal negativo e 50% quando triplo-positivo, como evidenciado nos estudos NeoSphere (Lancet, 2012), NeoALTTO (Lancet, 2012), Tryphaena (Annal Of Oncology, 2013).
Em 2017, o estudo CREAT-X nos mostrou que pacientes HER2 negativo, principalmente aquelas com tumores triplo-negativos, com doença residual após quimioterapia neoadjuvante, derivam de benefício em sobrevida global ao se oferecer capecitabina adjuvante por 6-8 ciclos.
Dessa forma, fechamos a reunião de 25/05/18 do Clube da Mama entendendo que as principais indicações de quimioterapia neoadjuvante são para:
- tumores HER2 positivo maiores que 2 cm e/ou axila comprometida
- tumores triplo-negativos maiores que 1 cm
- tumores luminais B, quando inoperáveis ou com possibilidade de reduzir tamanho da cirurgia na mama/axila caso ocorra resposta.
Para tumores luminais A considerar fortemente hormonioterapia neoadjuvante.
Dra. Aline Rocha Lino
Oncologista Clínica
CRM/SC 15.879 - RQE 12.289