Sociedade Catarinense de Mastologia

Radioterapia Pós-Mastectomia: Quando indicar

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Resumo Reunião Científica: Radioterapia Pós-Mastectomia: Quando indicar

Palestrante:
Dr. Gustavo Nader Marta
Radio-Oncologista

Coordenadora:
Dr. Carlos Lima Junior

Debatedores:
Dra. Cristiane Almeida
Dra. Marcele Vier
Dra. Maria Luzia Nagel

Em tese, as indicações de radioterapia pós-adenomastectomia seguem as recomendações da irradiação pós-mastectomia, posto que há um consenso quase universal que a adenomastectomia constitui procedimento oncológico seguro.  Esta segurança é evidenciada pelos vários estudos da literatura de caráter retrospectivo ou prospectivo que repetem as taxas de recidivas local e locorregional da mastectomia (1).

Há, contudo, aqueles que argumentam haver situações em que a adenomastectomia não foi efetuada com segurança máxima, podendo haver certa quantidade de tecido mamário residual após a cirurgia (2).  Para estes, a avaliação da quantidade deste tecido residual é de vital importância.  Embora não haja documentação clara na literatura desta necessidade nem mesmo de qual método clínico ou imaginológico seja mais indicado para esta avaliação, a maioria dos que abraçam esta corrente preconizam o uso da ressonância magnética pós-adenomastectomia.

Havendo retalho cirúrgico de pelo menos 5mm, advogam, há indicação de radioterapia pós-operatória.  Tal recomendação é bastante controversa, não encontrando suporte inquestionável na literatura.  Assim sendo, pacientes candidatas a irradiação pós-adenomastectomia inquestionavelmente seriam aquelas com nodos positivos ao esvaziamento axilar e as com tumores com 5cm ou maiores.  Em alguns serviços, tumores triplo negativos também constituem indicação, independentemente do tamanho do tumor ou da positividade dos nodos esvaziados.  Esta indicação é questionável em virtude da ausência de estudos de alta evidência concernentes a este tópico (3).

Não é fortemente documentada, ainda, a indicação de irradiação de tumores N0.  Embora haja estudos defendendo sua prescrição nos casos em que se aglutinam fatores prognósticos adversos como idade inferior a 40 anos ou invasão vascular, persiste altamente controversa esta indicação, face à natureza retrospectiva dos achados e baixa consistência dos diversos ensaios considerados (4).

Irradiação na presença de nodos positivos é mais fortemente corroborada pela existência de metanálise clássica que apontou ganho de sobrevida global com a irradiação pós-mastectomia, mesmo em pacientes com 1 a 3 nodos tumorais (5).  Em que pese o fato da metanálise apresentar falhas metodológicas várias, a indicação é corroborada por grande parte dos consensos.

Referências Bibliográficas

1.Rochlin DH, Jeong AR, Goldberg L, et al.  Postmastectomy  radiation therapy and immediate autologous breast reconstruction:  integrating perspectives from surgical oncology, radiation oncology, and plastic and reconstructive surgery.  J Surg Oncol 2015;111:251-257.

2.Marta GN, Poortmans PM, Buchholz TA, Hijal T.  Postoperative radiation therapy after nipple-sparing or skin-sparing mastectomy:  A survey of european, north american, and south american practices.  Breast J 2017;23:26-33.

3.Horton JK, Jaqsi R, Woodward WA, Ho A.  Breast cancer biology:  clinical implications for breast radiation therapy.  Int J Radiat Oncol Biol Phys 2018;100:23-37.

4.Mamtani A, Patil S, Stempel MM, Morrow M.  Are there patients with T1 to T2, lymph node-negative breast cancer who are “high-risk” for locoregional disease recurrence  Cancer 2017;123:2626-2633.

5.Wright JL, Parekh A.  Updates in postmastectomy radiation.  Surg Oncol Clin N Am 2017;26:383-392.

 

Dr. Carlos Lima Junior
Especialista em Radiooncologia
CRM/SC 14673