Outubro e Mamografia
O outubro rosa é o mês de conscientização sobre a importância da realização da mamografia no rastreamento do câncer de mama. A campanha, que inicialmente falava da necessidade do autoexame, atualmente procura dar enfoque à realização da mamografia, pois é sabido que o diagnóstico do câncer de mama antes da sua apresentação clínica apresenta maior chance de tratamento e cura.
A mamografia,
embora seja um exame de imagem utilizado há longa data, persiste sendo o
principal meio diagnóstico de lesões iniciais do câncer de mama. As
"microcalcificações", que correspondem à apresentação mais inicial da
neoplasia mamária, são identificáveis com maior sensibilidade por esse método
de imagem. Vale destacar que novas tecnologias têm aperfeiçoado o diagnóstico
mamográfico, bem como a redução do desconforto da realização do exame.
Conscientização
A mamografia
digital e a tomossíntese (um exame derivado da mamografia) são a evolução dos
primeiros mamógrafos analógicos e estão bem estabelecidos como meios de
rastreamento, sendo recomendados pelas principais entidades brasileiras*
envolvidas no diagnóstico e tratamento do câncer de mama, bem como por
entidades internacionais**.
Estudos recentes mostram que a realização do rastreamento mamográfico, a partir dos 40 anos de idade, podem diagnosticar aproximadamente 19% mais casos de câncer de mama do que quando iniciado a partir dos 50 anos.
Além disso, sabe-se que a mamografia tem capacidade de reduzir a mortalidade pelo câncer de mama, sendo referidos estudos com redução da mortalidade em até 38%, haja vista a capacidade da mamografia mostrar lesões mais incipientes, o que aumenta as chances de realização de tratamentos mais adequados e melhor resposta ao tratamento.
A padronização para
a realização da mamografia é determinada por consensos de especialistas,
baseados em estudos clínicos e pesquisas, sendo preconizado no Brasil:
- Pacientes com risco usual (população geral): realização anual a partir dos 40 anos.
- Pacientes com mutação genética conhecida ou parente de 1º grau com mutação: realização anual a partir dos 30 anos.
- Pacientes com antecedente pessoal de câncer de mama com tratamento conservador: realização anual a partir do diagnóstico.
- Pacientes previamente submetidas a radioterapia torácica: realização anual a partir do 8º ano após o tratamento (não antes dos 30 anos).
A tecnologia a favor da vida
A técnica de realização do exame mamográfico consiste na compressão da mama para aquisição das imagens mais bem detalhadas, o que para algumas pacientes pode ser um empecilho. Desta forma, procura-se evitar a realização do exame no período menstrual (fase de maior sensibilidade das mamas).
A técnica de
autocompressão***, recentemente empregada em mamógrafos mais modernos, em que a
própria paciente comprime a mama durante a realização do exame, mostrou bons
resultados, com qualidade de imagem semelhante à aquisição convencional, sem
prejudicar o diagnóstico e com uma boa tolerância das pacientes ao exame.
Acredita-se que a
tecnologia de autocompressão pode diminuir a ansiedade em relação ao exame e
consequentemente melhorar a adesão ao rastreamento. A técnica de autocompressão
já está disponível nos principais serviços que realizam mamografia digital em
Santa Catarina.
Para saber mais,
acesse os links abaixo:
- *http://www.scielo.br/pdf/rb/v50n4/pt_0100-3984-rb-50-04-0244.pdf
- **https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/pdf/breast-screening.pdf
- ***https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/article-abstract/2723076?utm_campaign=articlePDF&utm_medium=articlePDFlink&utm_source=articlePDF&utm_content=jamainternmed.2018.7169
- https://www.jacr.org/article/S1546-1440(17)31524-7/pdf?_ga=2.241970817.2003548903.1569893606-1576707685.1569893606
- https://www.ajronline.org/doi/10.2214/AJR.16.17759
Dra.
Luciane Stüpp de Freitas
CRM/SC
11.627 RQE: 10083
Médica
Radiologista
Membro
Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia