III Encontro Científico da Clínica Mastocentro
Outubro foi o mês escolhido para se realizar práticas educativas sobre o câncer de mama, considerado o mais comum na mulher. De grande impacto social, envolve gastos públicos elevados no mundo inteiro, exigindo estratégias políticas e leis para garantir seu rastreio, diagnóstico, tratamento e seguimento. É fonte de incansáveis discussões e pesquisas, sempre na tentativa de comprovar que estamos indo no caminho certo e a enfrentando com as melhores armas.
Escolhemos a data de 29 de setembro de 2017 para receber o mês de outubro com nosso já tradicional evento, o III Encontro Científico da Clínica Mastocentro, realizado no Hotel Bourbon, na cidade de Joinville. O evento teve participação de diversas áreas médicas como: ginecologia e obstetrícia, cirurgia oncológica, oncologia, radiologia, radioterapia e anestesiologia, além dos mastologistas da região.
Como palestrantes, o renomado Dr. Jorge Villanova Biazús (RS) e a brilhante Dra. Linei Augusta Dellê Urban (PR) nos brindaram com aulas sobre o que já possuímos de melhor para testilhar o câncer de mama e forneceram algumas pinceladas do que o futuro possivelmente nos trará.
Exames Modernos
A triagem para câncer de mama mudou. Os mamógrafos cada vez mais modernos e digitais, já deixaram a mamografia analógica parecendo “retrô” e aparelhos de ultrassonografia com mais definição e recursos, como elastografia, quando utilizados em conjunto diminuem drasticamente os falsos negativos. A Tomossíntese tem papel bem definido e com a difusão do C-View, em alguns anos se tornará o método de escolha no rastreio.
Exames como a ultrassonografia automatizada de segunda geração e ressonância magnética fast possuem aplicabilidade internacional em pacientes de alto risco para câncer de mama e junto com a PET/MR (tomografia por emissão de pósitrons com a ressonância magnética de forma integrada e simultânea) poderão fazer parte do hall de exames de rastreio em casos especiais no futuro.
Testes Genéticos
Contamos ainda com importantes aliados, os testes genéticos. Os exames permitem identificar um grupo de risco e assim conseguimos dar atenção redobrada para esta população que tem um risco vitalício alto e atuar com práticas cirúrgicas e terapêuticas redutoras de risco.
Diagnóstico do Câncer de Mama
Apó o diagnóstico, o tratamento cirúrgico mamário também evolui a passos largos, tornando-se mais conservador e poupador. Quando possível, podem ser preservados mais pele, mais subcutâneo e mais linfonodos. Podemos manter a papila e aréola em mais casos. Diminuíram as margens necessárias para segurança oncológica e comprovaram isso com estudos. Nos casos em que há necessidade de mastectomia, lançamos mão de próteses anatômicas de ótima qualidade e de técnicas clássicas de reconstrução com retalhos cutâneos.
O futuro da Mastologia é instigante e impressionante. Vislumbramos uma possível redução no número de mutilações, como já vem sendo. Idealizamos um futuro de prevenção, diagnóstico precoce e tratamentos mais conservadores.
Quanto ao uso de toda essa nova tecnologia e ciência no serviço público, existe um abismo. Sabemos que sua aplicabilidade é incompatível em curto prazo, porém sempre se agrega um pouco do que temos a oferecer no serviço privado, essa é a grande importância da nossa atualização constante.
Para os colegas mastologista desejamos um Outubro Rosa que estimule ricas discussões, que agregue conhecimento, educação da população e consolide nosso papel de mastologistas em todas as fases do combate ao câncer de mama.
Equipe Mastocentro
Departamento de Mastologia da Sociedade Joinvillense de Medicina.
Reunião da SBM/SC sobre a criação da Cooperativa Médica de Mastologistas de Santa Catarina
No último sábado, dia 16 de setembro, aconteceu a primeira reunião oficial para discutir a criação da cooperativa dos mastologistas do Estado.
O encontro ocorreu na sede própria, dentro da Associação Catarinense de Medicina (ACM), em Florianópolis. Participaram membros da diretoria atual, Dr. Cristiano Steil (Presidente), Dr. Ygor Vieira de Oliveira (Vice-Presidente), Dra. Adriana Magalhães (Secretária) e Dr. Fernando Vequi (Tesoureiro), além dos colegas Dr. Geraldo Cassol (Joinville), Dr. Cortelazzo (Brusque), Dr. Luciano Rangel (Florianópolis) e Dra. Liliane Gomes (Florianópolis).
Em um primeiro momento, a Diretoria se reuniu com representantes jurídicos com experiência em cooperativas médicas de outras especialidades já existentes e que atuam com êxito no estado, a fim de compreender melhor todo o processo a ser executado.
Em seguida, com os demais colegas, foi realizada reunião complementar, para ouvir os questionamentos, anseios e perspectivas, além detalhar a discussão da pauta com os advogados. Vários encaminhamentos foram feitos a serem executados em um segundo momento.
A criação da cooperativa médica para os mastologistas catarinenses é uma das ações defendidas pela Diretoria, com a meta de fortalecer a especialidade e o especialista, em todos os aspectos.
Apesar de se tratar de um assunto complexo e dinâmico, a Diretoria acredita que esse primeiro esforço foi muito positivo e, em breve, a mesma promete comunicar aos associados os próximos trâmites a serem executados na concretização desse almejado objetivo.
A Mastologia de Santa Catarina só tende a crescer e se fortalecer quando o maior número de profissionais se compromete e compartilha com os mesmos ideais.
Atenciosamente
Diretoria triênio 2017-2019
Fernando Vequi Martins
CRM/SC13340 | RQE: 9867
Médico Mastologista
SBM/SC estuda implementação de cooperativa
Na busca pela valorização dos mastologistas de Santa Catarina, a diretoria atual da Sociedade Catarinense de Mastologista avalia a implementação de Cooperativa dos Médicos Mastologistas do Estado.
O modelo que já é utilizado em outras categorias e em regiões como Bahia e Paraná, tem como objetivo a valorização dos serviços médicos através da negociação dos honorários junto aos convênios . A diretoria iniciou estudos e abriu debate entre os associados para a estruturação do processo de abertura da cooperativa.
No próximo dia 16 de setembro será realizada reunião com associados interessados e a diretoria para estabelecer um plano de ação e dar início ao processo de criação da cooperativa. O evento será realizado na ACM Florianópolis, a partir das 10h30. Todos estão convidados.
Segundo a Diretoria da SBM/SC, a ação busca promover a união dos médicos mastologistas de Estado de Santa Catarina, promovendo a integração em todos os segmentos para um trabalho em conjunto e impulsionando o desenvolvimento profissional da classe, atuando junto aos convênios e participando mais ativamente de eventos da área médica, lançando novos benefícios paralelos a todos os cooperados.
Nota à população sobre linfomas associados às próteses de mama
A Sociedade Brasileira de Mastologia esclarece que, em relação aos dados divulgados pela FDA, a agência americana responsável pelo controle de alimentos e medicamentos, e com base nos dados de conhecimento global desse e dos demais estudos analisados até o presente momento, não há necessidade de alarme em relação a riscos oncológicos ou em relação a outras doenças que possam ser provocadas pelas próteses mamárias. Os dados apresentados pelo FDA já são conhecidos da comunidade médica de especialidade.
O linfoma anaplásico de grandes células associado às próteses mamárias é um subtipo bastante raro de linfoma de células T, que se estima possa surgir um caso em cada 500 mil mulheres com próteses. Mesmo com o alerta dos 12 óbitos relacionados a esta doença nos Estados Unidos e na Austrália, os índices de cura para ela são bastante altos, ultrapassando 90% dos casos. A maioria das pacientes é tratada apenas com a remoção da prótese e da cápsula, sem a necessidade de quimioterapia ou radioterapia.
O silicone presente nas próteses mamárias é um elastômero e a sua viscosidade depende da sua massa molecular. Desde que foram lançadas estas próteses em 1962, foram criadas diversas gerações com diferentes viscosidades e texturizações no seu revestimento. As próteses atuais são de gel mais coesivo, com diversas camadas, o que permite que mantenham sua forma tanto na cirurgia estética quanto na reconstrução mamária. A grande maioria das próteses mamárias implantadas nas últimas duas décadas são texturizadas. Assim, não se consegue estabelecer um nexo causal claro entre a texturização e o surgimento desta doença, visto que quase não se implantam mais próteses lisas, e que também foram relatados casos de linfoma com próteses lisas.
É preciso ressaltar que as próteses mamárias são, entre todas as próteses implantadas no corpo humano com diferentes finalidades médicas, aquelas que foram mais extensivamente estudadas na literatura científica. Além disso, o silicone está na composição de diversos outros produtos da área médica, inclusive catéteres de quimioterapia e próteses de uso em outros órgãos e sistemas. É fundamental que quaisquer novos dados sejam analisados à luz de seus impactos para a saúde da população, levando em consideração os riscos potenciais envolvidos versus os benefícios conhecidos das terapêuticas empregadas.
Assim, a Sociedade Brasileira de Mastologia reitera o seu compromisso de vigilância e monitoramento constante de quaisquer informações que venham a afetar direta ou indiretamente a saúde e a segurança das pacientes sob os cuidados dos membros de nossa especialidade. E que não há nenhum dado até o presente momento que justifique qualquer mudança de postura ou intranquilidade por parte das pacientes portadoras de implantes mamários, sejam elas oriundas de cirurgias estéticas ou reconstrutoras. Devem essas pacientes apenas seguir com a realização de exame clínico mamário e exames de imagem regulares, e serem alertadas que esta é uma condição muito rara, para qual o seu cirurgião a estará monitorando.
Antônio Luiz Frasson
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia
Fonte: Sociedade Brasileira de Mastologia
Quando o câncer de mama retorna
Celebridade americana volta ser diagnosticada com a doença depois de 25 anos e causa reflexão
O anúncio da atriz e cantora Olivia Newton-John, conhecida pelo filme "Grease: nos tempos da brilhantina", (1978), de que seu câncer de mama voltou e se espalhou para a parte inferior das costas traz à tona uma discussão sobre quando e porque há reincidência da doença. No caso da celebridade americana, que desde o primeiro diagnóstico, em 1992, tem levantado fundos para pesquisa e tratamento dessa patologia, se passaram mais de duas décadas, o que para muitos é algo surpreendente. No entanto, para especialistas essa possibilidade é mais comum do que se imagina e, por isso, é essencial um acompanhamento médico contínuo.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a chance de ocorrer as recidivas tumorais ou metástases depende de vários fatores. Segundo a entidade, há, atualmente, alguns tipos de câncer de mama mais agressivos (triplo negativos) e que apresentam maior possibilidade de voltar precocemente nos primeiros dois anos. Outros tumores como os ditos luminais (com forte expressão de receptores de estrogênio e progesterona – conhecidos como hormonais sensíveis) são menos agressivos e podem sim retornar mais tarde, inclusive após 10 ou 15 anos.
De acordo com o mastologista André Mattar, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia, os locais mais comuns de metástase são ossos, pulmões, fígado e cérebro. A que apresenta melhor prognóstico é a metástase óssea, com sobrevida mais longa devido à resposta dessas lesões à terapia hormonal e outros tratamentos. “Muitas vezes só a biópsia poderá definir se é metástase ou um novo tumor”, afirma o doutor.
Para ele, no caso da celebridade americana não há dúvidas de que os hábitos saudáveis e exercícios físicos adotados pela atriz durante anos colaboraram para o aumento do tempo da recidiva, assim como sua sobrevida (tempo de vida após o diagnóstico do câncer). “Mas precisamos lembrar que o tipo do câncer (responsivo a hormônios, por exemplo) deve ser a principal causa deste tempo longo”, explica ele.
Para as mulheres que já tiveram câncer de mama, a SBM recomenda de acordo com estudos atuais e guidelines de todas as entidades médicas mundiais, a realização de exames clínicos periódicos (de seis em seis meses nos primeiros dois anos e depois anual) e a mamografia anual. Caso haja alguma suspeita parte-se para investigação com exames de imagem. “O essencial é o acompanhamento de um mastologista para avaliação periódica, pois simplesmente realizar exames de forma aleatória não faz sentido e, ainda, provoca ansiedade e estresse, muitas vezes desnecessários”, ressalta Mattar.
O mastologista finaliza, afirmando que em relação ao tempo que se descobre a volta do câncer, não há qualquer diferença na sobrevida se a doença metastática for descoberta cedo ou tarde. Segundo ele, o que é diferente é quando o câncer é descoberto na primeira vez em estágio inicial. “Nesse caso quanto menor o tumor e menos envolvimentos dos gânglios, maior a chance de cura”, conclui.
Fonte: Sociedade Brasileira de Mastologia