Sociedade Catarinense de Mastologia

Câncer de Mama e Risco Genético

“Tenho alguém com câncer de mama na família – e agora?”

 

Com o aumento do número de casos de câncer de mama, a cada ano, aumenta também a preocupação das mulheres em relação a esta doença, mantendo a atenção em identificar precocemente alterações e sinais que possam ajudar no diagnóstico inicial ou até mesmo na prevenção.

Cerca de 10% dos casos da doença são hereditários e o que temos visto atualmente é a dúvida em relação ao risco familiar – por ex: um parente teve câncer de mama, eu tenho risco aumentado de também desenvolver a doença?

Já faz algum tempo que existem métodos para estimar e quantificar tal risco (chamados na linguagem médica de modelos para cálculo de risco). Estes modelos servem para inserir dados sobre a história familiar. Para isso, são pesquisados e avaliados  o  número de pessoas afetadas pela doença na família, idade do diagnóstico, e inclusive levam em consideração a presença de outros tipos de câncer, como  de ovário, pâncreas, próstata, sarcomas, endométrio, tireóide, estômago, entre outros, e até mesmo a ancestralidade – sabemos que os judeus da ascendência Ashkenazi são uma população de risco para esta doença.

Baseado nessa avaliação de risco é indicado o teste genético, com o objetivo de procurar no DNA se há alguma alteração que predispõe ao desenvolvimento de câncer.

As mutações genéticas mais comuns que conhecemos ocorrem nos genes BRCA1 e BRCA2 e é chamada de Síndrome de Câncer de Ovário Hereditária, sendo responsável por 80% dos casos dos tumores hereditários da mama. Este tipo de mutação foi a que levou a atriz Angelina Jolie a realizar a retirada das mamas e dos ovários.

O risco de desenvolver câncer de mama em pessoas com estas mutações varia entre  50 a 70%, e de ovário é cerca de 20 a 45%, até os 70 anos. Ou seja, as chances são altíssimas,  considerando o risco na população em geral que é de 13% e 1,5% para mama e ovário respectivamente.

Atenção! Quando avaliada a necessidade, esta análise deve ser sempre orientada por um profissional capacitado. Lembrando que deve ser realizada com muita cautela, pois há casos em que apesar do histórico familiar positivo, pode não ser identificada a mutação. Enquanto em outros, pode ser identificada a mutação, porém ainda sem conduta estabelecida. Por isso, o paciente deve estar ciente que nem sempre o teste genético fornecerá uma resposta definitiva.

Conforme a estimativa do risco e/ou da mutação genética encontrada nos exames há algumas estratégias que podem ser usadas para tentar diminuir o risco de a doença aparecer, ou seja, agir antes do aparecimento da doença pode ser fundamental!

As estratégias variam entre exames de rastreio em idade precoce (geralmente exame clínico, mamografia e ressonância magnética), medicações hormonais e cirurgias redutoras de risco (geralmente retirada das mamas e ovários).

Tanto os riscos como a conduta de prevenção devem ser discutidas minuciosamente com seu mastologista e envolve a necessidade de uma equipe multidisciplinar de apoio (geneticista, oncologista, cirurgião plástico, nutricionista, psicólogo, etc).

Dra. Luiza da Rosa Ramos

Médica mastologista / CRM 17299

www.clinicamasto.com.br 


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Controvérsias em Radioterapia dos Tumores de Mama

Confira seleção de artigos científicos sobre atualização no diagnóstico e tratamento do câncer de mama disponíveis para download:


Vídeo - Controvérsias em Radioterapia dos Tumores de Mama

https://www.youtube.com/watch?v=4-PRjUGWWb8&t=106s


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Câncer de Mama Paciente Jovem e Preservação da Fertilidade

Confira seleção de artigos científicos apresentados na Reunião Científica com o tema Câncer de Mama Paciente Jovem e Preservação da Fertilidade e disponíveis para download:


XVIII Encontro de Catarinense de Mastologia reúne associados em Lages

Confira resumos das apresentações que forma temas do XVIII Encontro de Catarinense de Mastologia.

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Cirurgias Profiláticas (Adenectomia Bilateral e Mama Oposta) Quando Indicar?

Confira seleção de artigos científicos sobre atualização no diagnóstico e tratamento do câncer de mama disponíveis para download:


Testes genéticos podem prevenir câncer em portadoras de mutações

Recente estudo publicado pelo JAMA, o Jornal da Associação Americana de Medicina, revelou que médicos costumam não recomendar ou até mesmo discutir testes genéticos para mulheres com alto risco de mutações associadas ao câncer de mama ou de ovários. "Mulheres têm muito interesse em testes genéticos, mas muitas não recebem indicação para fazê-los", afirmou Allison Kurian, professora de Medicina na Universidade de Stanford e principal autora do estudo. "Isso é particularmente preocupante porque significa que os médicos estão perdendo a oportunidade de prevenir o câncer em portadoras de mutações e membros da família", acrescentou.

Os pesquisadores da Universidade de Michigan basearam seus achados em consultas com mais de 2.500 mulheres com câncer nos estágios 0 a 2, dois meses após terem se submetido a cirurgia. Elas foram questionadas se gostariam de fazer um teste genético para ver a presença de mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2 e, caso sim, se o fizeram.

Dois terços das mulheres afirmaram que gostariam de fazer o teste, mas apenas um terço havia feito.

Cerca de 56% das que não realizaram o teste afirmaram que não fizeram porque seus médicos não recomendaram.

Apenas 40% de todas as mulheres com alto risco relataram receber aconselhamento genético para ajudá-las a decidir ou entender os resultados. Das que foram testadas, 60% receberam aconselhamento.

Reshma Jagsi, pesquisadora sênior no estudo, afirmou que os resultados são preocupantes porque os testes podem ser uma ferramenta poderosa para mulheres de grupos de risco.

Ela afirmou que isso poderia afetar o tipo de cirurgia que a mulher pode optar para tratar um câncer de mama ou tratamentos para tentar diminuir o risco de desenvolver novos cânceres no futuro. Kurian disse que é como se alguns médicos não enxergassem os benefícios dos testes ou não soubessem como explicar isso para suas pacientes.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Antônio Frasson, o percentual de mulheres que faz o teste no Brasil é muito inferior ao que seria o recomendado. No sistema público, porque não está disponível e fora dele, na maioria das vezes por falta de informação e desinteresse.

Fonte: Sociedade Brasileira de Mastologia


Nota à população sobre linfomas associados às próteses de mama

A Sociedade Brasileira de Mastologia esclarece que, em relação aos dados divulgados pela FDA, a agência americana responsável pelo controle de alimentos e medicamentos, e com base nos dados de conhecimento global desse e dos demais estudos analisados até o presente momento, não há necessidade de alarme em relação a riscos oncológicos ou em relação a outras doenças que possam ser provocadas pelas próteses mamárias. Os dados apresentados pelo FDA já são conhecidos da comunidade médica de especialidade.

O linfoma anaplásico de grandes células associado às próteses mamárias é um subtipo bastante raro de linfoma de células T, que se estima possa surgir um caso em cada 500 mil mulheres com próteses. Mesmo com o alerta dos 12 óbitos relacionados a esta doença nos Estados Unidos e na Austrália, os índices de cura para ela são bastante altos, ultrapassando 90% dos casos. A maioria das pacientes é tratada apenas com a remoção da prótese e da cápsula, sem a necessidade de quimioterapia ou radioterapia.

O silicone presente nas próteses mamárias é um elastômero e a sua viscosidade depende da sua massa molecular. Desde que foram lançadas estas próteses em 1962, foram criadas diversas gerações com diferentes viscosidades e texturizações no seu revestimento. As próteses atuais são de gel mais coesivo, com diversas camadas, o que permite que mantenham sua forma tanto na cirurgia estética quanto na reconstrução mamária. A grande maioria das próteses mamárias implantadas nas últimas duas décadas são texturizadas. Assim, não se consegue estabelecer um nexo causal claro entre a texturização e o surgimento desta doença, visto que quase não se implantam mais próteses lisas, e que também foram relatados casos de linfoma com próteses lisas.

É preciso ressaltar que as próteses mamárias são, entre todas as próteses implantadas no corpo humano com diferentes finalidades médicas, aquelas que foram mais extensivamente estudadas na literatura científica. Além disso, o silicone está na composição de diversos outros produtos da área médica, inclusive catéteres de quimioterapia e próteses de uso em outros órgãos e sistemas. É fundamental que quaisquer novos dados sejam analisados à luz de seus impactos para a saúde da população, levando em consideração os riscos potenciais envolvidos versus os benefícios conhecidos das terapêuticas empregadas.

Assim, a Sociedade Brasileira de Mastologia reitera o seu compromisso de vigilância e monitoramento constante de quaisquer informações que venham a afetar direta ou indiretamente a saúde e a segurança das pacientes sob os cuidados dos membros de nossa especialidade. E que não há nenhum dado até o presente momento que justifique qualquer mudança de postura ou intranquilidade por parte das pacientes portadoras de implantes mamários, sejam elas oriundas de cirurgias estéticas ou reconstrutoras. Devem essas pacientes apenas seguir com a realização de exame clínico mamário e exames de imagem regulares, e serem alertadas que esta é uma condição muito rara, para qual o seu cirurgião a estará monitorando.

Antônio Luiz Frasson

Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia

Fonte: Sociedade Brasileira de Mastologia