Sociedade Catarinense de Mastologia

Nota da posicionamento da Sociedade Brasileira de Mastologia - Regional Santa Catarina

Em relação ao vídeo que viralizou nas redes sociais e aplicativos de mensagens sobre a crioterapia ou crioablação como tratamento alternativo para o câncer de mama, a Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional de Santa Catarina esclarece:

  • O uso de métodos transcutâneos e percutâneos conhecidos como crioablação/ crioterapia constitui uma forma de tratamento para casos específicos de nódulos benignos na mama (fibroadenomas) e muito bem selecionados;
  • Até o momento, não há evidências e comprovação científica que apontem a substituição do tratamento convencional do câncer de mama (cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia, etc) pela crioablação/crioterapia;
  • Sendo assim, a Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional de Santa Catarina reitera, mais uma vez, que as formas de tratamentos convencionais devem ser adotadas como principal estratégia adequada para o tratamento e controle do câncer de mama;
  • A divulgação de informações corretas, apuradas com rigor e seriedade é a melhor maneira de enfrentar e combater a desinformação. Esclarecer dúvidas, defender a verdade e transparência na Mastologia, além da constante busca pelo conhecimento é essencial para motivar a credibilidade e confiança das pacientes no tratamento indicado para o câncer de mama.

Este posicionamento está de acordo com outras entidades internacionais: American Society for Breast Disease, FDA, The American Society Of Breast Surgeons e também da Sociedade Brasileira de Mastologia Nacional.

Cristiano Steil
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Santa Catarina

Abaixo segue o posicionamento da Sociedade Brasileira de Mastologia Nacional.

 


Resumo Reunião Científica: Radioterapia Pós-Mastectomia: Quando indicar

Palestrante:
Dr. Gustavo Nader Marta
Radio-Oncologista

Coordenadora:
Dr. Carlos Lima Junior

Debatedores:
Dra. Cristiane Almeida
Dra. Marcele Vier
Dra. Maria Luzia Nagel

Em tese, as indicações de radioterapia pós-adenomastectomia seguem as recomendações da irradiação pós-mastectomia, posto que há um consenso quase universal que a adenomastectomia constitui procedimento oncológico seguro.  Esta segurança é evidenciada pelos vários estudos da literatura de caráter retrospectivo ou prospectivo que repetem as taxas de recidivas local e locorregional da mastectomia (1).

Há, contudo, aqueles que argumentam haver situações em que a adenomastectomia não foi efetuada com segurança máxima, podendo haver certa quantidade de tecido mamário residual após a cirurgia (2).  Para estes, a avaliação da quantidade deste tecido residual é de vital importância.  Embora não haja documentação clara na literatura desta necessidade nem mesmo de qual método clínico ou imaginológico seja mais indicado para esta avaliação, a maioria dos que abraçam esta corrente preconizam o uso da ressonância magnética pós-adenomastectomia.

Havendo retalho cirúrgico de pelo menos 5mm, advogam, há indicação de radioterapia pós-operatória.  Tal recomendação é bastante controversa, não encontrando suporte inquestionável na literatura.  Assim sendo, pacientes candidatas a irradiação pós-adenomastectomia inquestionavelmente seriam aquelas com nodos positivos ao esvaziamento axilar e as com tumores com 5cm ou maiores.  Em alguns serviços, tumores triplo negativos também constituem indicação, independentemente do tamanho do tumor ou da positividade dos nodos esvaziados.  Esta indicação é questionável em virtude da ausência de estudos de alta evidência concernentes a este tópico (3).

Não é fortemente documentada, ainda, a indicação de irradiação de tumores N0.  Embora haja estudos defendendo sua prescrição nos casos em que se aglutinam fatores prognósticos adversos como idade inferior a 40 anos ou invasão vascular, persiste altamente controversa esta indicação, face à natureza retrospectiva dos achados e baixa consistência dos diversos ensaios considerados (4).

Irradiação na presença de nodos positivos é mais fortemente corroborada pela existência de metanálise clássica que apontou ganho de sobrevida global com a irradiação pós-mastectomia, mesmo em pacientes com 1 a 3 nodos tumorais (5).  Em que pese o fato da metanálise apresentar falhas metodológicas várias, a indicação é corroborada por grande parte dos consensos.

Referências Bibliográficas

1.Rochlin DH, Jeong AR, Goldberg L, et al.  Postmastectomy  radiation therapy and immediate autologous breast reconstruction:  integrating perspectives from surgical oncology, radiation oncology, and plastic and reconstructive surgery.  J Surg Oncol 2015;111:251-257.

2.Marta GN, Poortmans PM, Buchholz TA, Hijal T.  Postoperative radiation therapy after nipple-sparing or skin-sparing mastectomy:  A survey of european, north american, and south american practices.  Breast J 2017;23:26-33.

3.Horton JK, Jaqsi R, Woodward WA, Ho A.  Breast cancer biology:  clinical implications for breast radiation therapy.  Int J Radiat Oncol Biol Phys 2018;100:23-37.

4.Mamtani A, Patil S, Stempel MM, Morrow M.  Are there patients with T1 to T2, lymph node-negative breast cancer who are “high-risk” for locoregional disease recurrence  Cancer 2017;123:2626-2633.

5.Wright JL, Parekh A.  Updates in postmastectomy radiation.  Surg Oncol Clin N Am 2017;26:383-392.

 

Dr. Carlos Lima Junior
Especialista em Radiooncologia
CRM/SC 14673


Sociedade Catarinense de Mastologia

Resumo Reunião Científica: Atualizações do Congresso Americano: Câncer de mama inicial, o que muda na prática diária

Palestrante:
Dr. Gilberto Amorim
Oncologista Clínico

Coordenadora:
Dra. Cristiane Fabiani

Debatedores:
Dr. Erik Paul Winnikov

Dra. Yeni Neron

 

Atualizações do Congresso Americano: Câncer de mama inicial, o que muda na prática diária

Com o tema “Atualizações do Congresso Americano: Câncer de Mama Inicial, o que muda na prática diária”, a reunião científica do Clube da Mama apresentou os principais destaques da ASCO 2018 sobre a conduta adequada e eficaz no tratamento do câncer de mama inicial.

A discussão ressaltou as atualizações do congresso sobre como orientar as pacientes da melhor forma possível, reduzindo tratamentos quimioterápicos desnecessários relativos e consequente toxicidade, além de melhorar a expectativa e qualidade de vida.

Principais pesquisas apresentadas:

TAILOR x  

Considerado destaque do congresso, o estudo foi apresentado pelo Dr. Joseph Sparano e selecionou pacientes com câncer de mama inicial (T1-2N0M0), com receptores hormonais positivos e HER-2 negativo e submetidas à realização de Oncotype DX para determinar o score de risco e a indicação segura de tratamento.

Score 0-10  (risco baixo)
Resultados do grupo de baixo risco (score 0-10), já haviam sido apresentados na ESMO 2015, demonstrando que neste subgrupo, o tratamento com  hormonioterapia isolada é suficiente. A taxa de recorrência a distância em 05 anos foi de 1%.

Score 11-25  e 16-25 (risco médio)
A conclusão dos investigadores é que mulheres acima de 50 anos com risco score de 11 a 25 não necessitam de quimioterapia adjuvante.  No entanto, as pacientes com menos de 50 anos e risco score de 16-25 apresentam algum benefício com a adição da quimioterapia ao tratamento.

Score 26-100 (risco alto)
Para as pacientes com risco score de 26-100, a recomendação é prescrever tratamento quimioterápico adjuvante.

Pontos fracos: Apesar da importância no Oncotype DX na melhor condução do tratamento do câncer de mama, vale ressaltar que a incorporação deste estudo na prática diária ainda encontra obstáculo. Isso se deve ao fato do teste ainda  não ter cobertura por nenhum plano de saúde no Brasil, além do seu alto custo (aproximadamente R$ 13mil reais).E também pela indefinição da melhor conduta em adjuvância nas pacientes com Score 16-25, quando em idade inferior a 50 anos.

Persephone trial

Realizado no Reino Unido, com recursos do Ministério da Saúde, o estudo teve como objetivo a eficácia do Trastuzumabe adjuvante na sobrevida de pacientes com câncer de mama. A pesquisa randomizou 4 mil mulheres portadoras da doença, nos estágios de I-III e HER-2 positivo, para receber 6 ou 12 meses do tratamento adjuvante.  O estudo atingiu o objetivo de não inferioridade com Sobrevida Livre de Doença em 04 anos de 89,4% (06 meses) e 89,8% (12 meses).

Pontos fortes do estudo: o número de pacientes, braços bem balanceados, suportado com recursos financeiros do governo.

Pontos fracos: mais de 50% das pacientes receberam Trastuzumabe sequencial, prática abandonada nos dias de hoje e apenas 10% das pacientes receberam quimioterapia baseada em Taxanos. Aguardamos a publicação do estudo para melhor avaliação.

Soft/Text e Astrra

Os estudos abordaram a supressão ovariana no tratamento adjuvante das pacientes com câncer de mama. Os benefícios de sobrevida livre de doença para pacientes de alto risco podem chegar a 15%. A  incorporação na prática clínica ainda traz grandes desafios, entre elas a própria supressão ovariana, com relato de até 30% das pacientes com níveis de estrogênio acima dos valores de menopausa, além da necessidade de orientar as pacientes em condutas para minimizar os eventos adversos.

 

Cristiane Fabiani
Oncologista Clínica
CRM/SC - 4524

 


Sociedade Catarinense de Mastologia

Resumo Reunião Científica - Indicações atuais de quimioterapia neoadjuvante em câncer de mama

Palestrante:
Dr. Antonio Carlos Buzaid
Oncologista Clínico

Coordenadora:
Dra. Aline Rocha Lino

Debatedores:
Dra. Adriana Magalhães de O. Freitas

Dr. Sandro Laércio Reichow

Indicações atuais de quimioterapia neoadjuvante em câncer de mama

A quimioterapia neoadjuvante foi introduzida com o objetivo de reduzir a doença localmente avançada (inoperável) e torná-la operável. Posteriormente, sua indicação se estendeu ao câncer de mama operável (precoce), principalmente para permitir a cirurgia conservadora da mama e reduzir a extensão da cirurgia na axila. Além disso, pode o tratamento pode fornecer informações úteis in vivo sobre a quimiossensibilidade.

Até o momento não nos foi provada diferença em sobrevidas global e livre de progressão entre fazer quimioterapia antes ou após a cirurgia. A resposta patológica completa (RPc), definida como ausência de tumor invasivo na mama e axila, foi proposta como um desfecho substituto para a previsão de benefícios clínicos em longo prazo, como a sobrevida livre de doença e a sobrevida global.

A metanálise liderada pelo FDA (CTNeoBC, Lancet 2014), com mais 13.125 pacientes, nos mostra isso claramente: pacientes que atingem RPc têm melhores sobrevida livre de eventos (HR=0,48) e sobrevida global (HR=0,36) quando comparadas àquelas que não atingem RPc, ou seja, resposta patológica completa é um bom marcador prognóstico.

Por outro lado, a chance de atingir RPc varia enormemente com o fenótipo do tumor, de forma geral: apenas 7% para tumores receptores hormonais positivos e de baixo grau, 16% para tumores receptores hormonais positivos e de alto grau, 34% para tumores triplo-negativos, 30% para tumores receptores hormonais positivos e HER-2+, e 50% para tumores receptores hormonais negativos e HER-2+;

Apresentação de resultados do I-SPY 2 Trial, em San Antonio 2017, mostrou que, independentemente da medicação testada (avaliação de diversos braços com combinações de drogas), a SLE é de 94% nas pacientes que atingem RCp e de 76% naquelas que não atingem RCp, com 3 anos de seguimento

Em tumores com HER2 positivo, temos avançado nas terapias, e hoje sabemos baseado que o duplo bloqueio do HER2 nos dá 60% chance de resposta patológica completa em tumores com receptor hormonal negativo e 50% quando triplo-positivo, como evidenciado nos estudos NeoSphere (Lancet, 2012), NeoALTTO (Lancet, 2012), Tryphaena (Annal Of Oncology, 2013).

Em 2017, o estudo CREAT-X nos mostrou que pacientes HER2 negativo, principalmente aquelas com tumores triplo-negativos, com doença residual após quimioterapia neoadjuvante, derivam de benefício em sobrevida global ao se oferecer capecitabina adjuvante por 6-8 ciclos.

Dessa forma, fechamos a reunião de 25/05/18 do Clube da Mama entendendo que as principais indicações de quimioterapia neoadjuvante são para:

  •  tumores HER2 positivo maiores que 2 cm e/ou axila comprometida
  •  tumores triplo-negativos maiores que 1 cm
  • tumores luminais B, quando inoperáveis ou com possibilidade de reduzir tamanho da cirurgia na mama/axila caso ocorra resposta.

Para tumores luminais A considerar fortemente hormonioterapia neoadjuvante.

Dra. Aline Rocha Lino
Oncologista Clínica 
CRM/SC 15.879 - RQE 12.289


Sociedade Catarinense de Mastologia

Resumo Reunião Científica - Polêmicas no Rastreamento Mamário

Reunião científica Sociedade Brasileira de Mastologia - Regional Santa Catarina

Palestrante:

Dra. Marcela B. Schaefer

Radiologista | Sonitec

Debatedores:

Dra. Aline Dias S. C. Guimarães

Dr. Lucas Van de Sande Silveira

Dr. Luciano B. G. Rangel

Polêmicas no Rastreamento Mamário

Resumo Completo:  Clique Aqui - Resumo Debate

Dra. Marcela B. Schaefer

Radiologista

CRM/SC 2936


Sociedade Catarinense de Mastologia

Resumo Reunião Científica - Atualização em Cirurgia da Axila

Reunião científica Sociedade Brasileira de Mastologia - Regional Santa Catarina

Palestrante:

Dr. Carlos Gustavo Crippa

Mastologista | Cepon e Clínica Crippa

Debatedores:

Dra. Cristiane Almeida

Dr. Carlos Gilberto Crippa

Dra. Patrícia Arent

Atualização em Cirurgia da Axila

Resumo Completo:  Clique Aqui - Resumo Debate

Dr. Carlos Gustavo Crippa 

Mastologista

CRM/SC 14016 RQE 10625 e RQE 10626


Resumo Reunião Científica - Lesões que desafiam o diagnóstico em Mastologia

Reunião científica Sociedade Brasileira de Mastologia - Regional Santa Catarina

Palestrante:

Dra. Fernanda Laus Marins

Patologista | Macro & Micro - Anatomia Patológica

Debatedores:

Dra. Maria Luiza Nagel

Dr. Horácio Chikota

Dra. Cristina Marques Barreto

Lesões que desafiam  o diagnóstico em Mastologia 

Resumo Completo:  Clique Aqui - Resumo Debate

Dra Fernanda Laus Marins

Especialista em Patologia 

CRM-SC16013 / RQE 11287


Sociedade Catarinense de Mastologia

Resumo Reunião Científica: Controvérsias em Radioterapia

Palestrante:

Dr. Carlos Lima Junior

Radiooncologista da Radioterapia São Sebastião, Florianópolis e Lages, Santa Catarina

Debatedores:

Dra. Cristiane Glavam

Dr. Felipe Quintino Kuhnem

Dra. Adriana Magalhães de O. Freitas

Controvérsias em Radioterapia 

Adenomastectomia e a Potencial Indicação de Radioterapia Pós-Operatória  

 

Embora a finalidade principal do tratamento cirúrgico dos tumores de mama seja o ótimo controle local, emergem, notadamente nos últimos anos, a satisfação das pacientes e os resultados cosméticos como efeitos secundários desejados.  As chamadas mastectomias conservadoras, a skin-sparing mastectomy, que consiste na remoção da glândula mamária com a preservação da maior parte da pele; e a nipple-sparing mastectomy, que preserva tanto o envelope cutâneo como o complexo aréolo-papilar (CAP), constituem avanços na abordagem cirúrgica das neoplasias mamárias que visam a oferecer os benefícios primário (controle oncológico) e secundário (estético) às pacientes.  Nossa discussão será focada nas nipple-sparing mastectomies ou adenomastectomias.

Até recentemente, havia muitas dúvidas acerca da segurança oncológica das adenomastectomias.  Somente em 2016, o National Comprehensive Cancer Network (NCCN) admitiu, em seus guidelines, poder ser realizado o procedimento em situações selecionadas:  tumores iniciais com biologia favorável (receptores hormonais positivos e HER-2 negativo), a pelo menos 2cm de distância do CAP, com exames de imagem pré-operatórios mostrando ausência de envolvimento tumoral mamilar, margem mamilar negativa à histologia da congelação, ausência de descarga papilar ou doença de Paget (1).  Embora não haja parâmetros universalmente aceitos para sua realização, a maioria dos autores concorda com estas indicações, podendo ser acrescidas a exigência de tumores até 5cm e ausência de doença multifocal ou multicêntrica e de invasão vascular linfática (2).  A segurança oncológica do procedimento foi atestada por estudos retrospectivos e prospectivos vários, além de algumas metanálises e revisões sistemáticas, que definiram as taxas de recidiva local.

A mais recente revisão sistemática, esta focada exclusivamente nas adenomastectomias, analisou 73 estudos retrospectivos ou prospectivos, envolvendo 12358 procedimentos e 10935 pacientes, com seguimento médio de 38,3 meses (3).  As taxas de recidiva local, complicações globais e necrose mamilar foram, respectivamente, 2,38%, 22% e 5,9%.  Tais números reforçam a segurança oncológica do procedimento, especialmente se se recorda que as mastectomias convencionais podem ter taxas de recidiva local tão altas quanto 16% (2).  As complicações gerais e a necrose mamilar tenderam a decrescer com o tempo, como atestam os estudos posteriores a 2013 com menores taxas.  Isto reflete o fato de que os cirurgiões estão se tornando mais confiantes e familiares com as técnicas o que, adicionalmente, como discutiremos, levou à expansão das indicações da adenomastectomia nos últimos anos.

Constitui preocupação de alguns clínicos se a permanência de alguma porção de tecido mamário residual pode resultar em altas taxas de recidiva local.  Com efeito, um survey (questionário) aplicado a radiooncologistas europeus e norte e sul-americanos apontou a preocupação dos radiooncologistas no que tange à avaliação da quantidade de tecido mamário residual após mastectomias conservadoras (4).  O estudo recomendou avaliação com exame de ressonância magnética e sugeriu indicação de radioterapia caso a espessura do retalho cutâneo superasse 5mm.  Merecem destaque, contudo, alguns pontos da literatura.  A cirurgia mais radical pode não representar garantia de clearance glandular completo, desde que tecido glandular residual pode ser detectado em 5% em biópsias pós-mastectomias convencionais (5).  Não obstante possa se demonstrar tecido mamário residual em 59% das skin-sparing mastectomies, doença residual aparece em apenas 9,5% (6).  Retalhos cutâneos podem exibir malignidade residual em até 23% dos casos (7).  Apesar destes números potencialmente alarmantes, como já dissemos, a literatura não tem demonstrado taxas proibitivas de recidiva local ou no retalho cutâneo, voltamos a lembrar, apesar do risco de tecido mamário residual.  Esta sociedade não endossa a indicação de radioterapia pós-operatória em função somente da efetuação da adenomastectomia sem a presença de fatores de risco clássicos para recidiva.  Outrossim, considera não haver documentação definitiva na literatura do papel da avaliação do tecido mamário residual ou da espessura do retalho cutâneo com vistas a decidir sobre indicação de radioterapia adjuvante.  Acrescente-se não haver critérios imaginológicos bem definidos para que se ateste tal espessura e nem mesmo exame de imagem delineado com este fim.  A avaliação do tecido mamário residual e da espessura do retalho cutâneo são condutas a serem adotadas em base muito individual e sem apoio na literatura consultada.

Como mencionamos anteriormente, nos últimos anos, têm as indicações da adenomastectomia se expandido para além das clássicas recomendações (8, 9).  Os resultados são aparentemente promissores para tumores maiores que os preconizados inicialmente, para tumores mais próximos do CAP e para pacientes submetidas a quimioterapia neoadjuvante.  Excetuando-se as pacientes com nítido envolvimento clínico ou imaginológico do CAP, tumores localmente avançados com envolvimento cutâneo, tumores inflamatórios e descarga mamilar, as demais pacientes podem ter indicada adenomastectomia.  Estudos mais maduros com maior período de seguimento são necessários, contudo, antes que possamos sugerir o procedimento além das indicações clássicas.

Radioterapia Axilar ou Esvaziamento Axilar?

Durante a cirurgia dos tumores de mama iniciais, pode-se poupar as pacientes do esvaziamento axilar, posto que é possível que elas sejam tratadas com irradiação axilar sem prejuízo dos resultados oncológicos.  O estudo AMAROS (After Mapping of the Axilla: Radiotherapy Or Surgery) (10) randomizou pacientes com tumores cT1-2cN0 e um nodo sentinela positivo a esvaziamento ou irradiação axilares.  No braço do esvaziamento, 609 pacientes foram tratadas com cirurgia conservadora de mama, ao passo que 127 o foram com mastectomia.  Entre as irradiadas, havia 557 abordadas com cirurgia conservadora e 121, com mastectomia.  Não houve diferença nas taxas de recorrência axilar (0,43% x 1,19% em 5 anos nos braços do esvaziamento e da radioterapia, respectivamente), sobrevida livre de doença ou sobrevida global nos dois grupos.  Linfedema clinicamente detectado em 5 anos ocorreu em 11% das pacientes irradiadas e em 23% das esvaziadas, diferença que foi estatisticamente significante.  Também estatisticamente significante foi a diferença do aumento de pelo menos 10% da circunferência do braço em 5 anos, que foram, respectivamente, 13% no grupo esvaziado e 5% no grupo irradiado.  Tais resultados se repetiram no estudo randomizado húngaro OTOASOR (Optimal Treatment Of the Axilla - Surgery Or Radiotherapy) (11), publicado no corrente ano.  O estudo também aleatorizou pacientes com tumores até 3cm e sem nodos palpáveis clinicamente e com nodos sentinelas positivos a esvaziamento ou irradiação axilares.  Duzentas pacientes receberam cirurgias conservadoras e 44, mastectomia no grupo esvaziado, ao passo que 200 foram abordadas com cirurgias conservadoras e 30, com radioterapia axilar.  Não diferiram estatisticamente a recorrência axilar (2% no grupo esvaziado e 1,7% no irradiado), a sobrevida livre de doença e a sobrevida global entre os dois grupos.  A morbidade axilar foi maior também no grupo esvaziado neste estudo, com diferença estatística:  qualquer sinal clínico de linfedema, parestesias, edema, dor no braço, imobilidade do ombro deu-se em 15,3% das pacientes esvaziadas e em 4,7% das pacientes irradiadas.  Diante dos resultados destes dois estudos randomizados e considerando que quase 20% das pacientes foram mastectomizadas, é razoável concluir ser a radioterapia axilar indicada em caso de tumores iniciais com axila clinicamente negativa e com nodos sentinelas positivos em pacientes tratadas com cirurgia conservadora ou mastectomia.  Havendo clara indicação de radioterapia, pode-se abdicar do esvaziamento axilar.

Revisão Bibliográfica 

1.NCCN.  NCCN clinical practice guidelines in oncology:  breast cancer, version 1.2016.2016.  https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/f_guidelines.asp.

2.Mallon P, Feron JG, Couturaud B, et al.  The role of nipple-sparing mastectomy in breast cancer:  a comprehensive review of the literature.  Plast Reconstr Surg 2013;131:969-84.

3.The oncological safety of nipple-sparing mastectomy:  a systematic review of the literature with a pooled analysis of 12,358 procedures.  Arch Plast Surg 2016;43:328-38.

4.Marta GN, Poortmans PM, Buchholz TA, Hijal T.  Postoperative radiation therapy after nipple-sparing or skin-sparing mastectomy:  A survey of european, north american, and south american practices.  The Breast J, 2017:23:26-33.

5.Barton FE Jr, English JM, Kingsley WB, et al.  Glandular excision in total glandular mastectomy and modified radical mastectomy:  a comparison.  Plast Reconstr Surg 1991;88:389-92.

6.Torresan RZ, dos Santos CC, Okamura H, et al.  Evaluation of residual glandular tissue after skin-sparing mastectomies.  Ann Surg Oncol 2005;12:1037-44.

7.Ho CM, Mak CK, Lau Y, et al.  Skin involvement in invasive breast carcinoma:  safety of skin-sparing mastectomy.  Ann Surg Oncol 2003;10:102-7.

8.Smith BL, Tang R, Rai U, et al.  Oncologic safety of nipple-sparing mastectomy in women with breast cancer.  J Am Coll Surg 2017, doi:10.1016/j.jamcollsurg.2017.06.013.

9.Krajewski AC, Boughey JC, Degnim AC, et al.  Expanded indications and improved outcomes for nipple-sparing mastectomy over time.  Ann Surg Oncol 2015;22:3317-23.

10.Donker M, van Tienhoven G, Straver ME et al.  Radiotherapy or surgery of the axilla after a positive sentinel node in breast cancer (EORTC 10981-22023 AMAROS):  a randomised, multicentre, open-label, phase 3 non-inferiority trial.  Lancet Oncol 2014;15:1303-1310.

11.Sávolt Á, Péley G, Polgár C, et al.  Eight-year follow up result of the OTOASOR trial: The Optimal Treatment Of the Axilla - Surgery Or Radiotherapy after positive sentinel lymph node biopsy in early-stage breast cancer: A randomized, single centre, phase III, non-inferiority trial.  Eur J Surg Oncol 2017;43:672-679.

 

Dr. Carlos Lima Junior

Especialista em Radiooncologia

CRM/SC 14673


Sociedade Catarinense de Mastologia

Resumo Reunião Científica – Câncer de mama em pacientes jovens e preservação da fertilidade

Palestrante:

Dr. Tadeu Paiva Junior

Oncologista | Hospital A.C. Camargo e Clínica Soma

Debatedores:

Dra. Liliane Raupp G. Pizzato

Dr. Ricardo Nascimento

Dra. Aline da Rocha Lino

Câncer de mama em pacientes jovens e preservação da fertilidade

Resumo Completo: Câncer de Mama em Pacientes Jovens - Dr Tadeu Paiva Junior

 

Dr. Tadeu Paiva Junior

CRM/SP 118.637  CRM/SC 21.610

Oncologista | Hospital A.C. Camargo e Clínica Soma 


Sociedade Catarinense de Mastologia

Resumo Reunião Científica - Cirurgias redutoras de risco – Quando indicar?

Reunião científica Sociedade Brasileira de Mastologia - Regional Santa Catarina

Palestrante:

Dra Juliana Koerich Laureano

Mastologista | Prefeitura do Município de Florianópolis, CEPON e Clinifemina

Debatedores:

Dra. Cristiane Fabiani

Dr. Erik Paul Winnikow

Dra. Pricila Bernardi

Cirurgias redutoras de risco – Quando indicar?

Resumo Completo:  GEMA Cirurgias Redutoras de Risco 

 

Dra Juliana Koerich Laureano

CRM/SC  16755  / RQE:14054

Mastologista | Prefeitura do Município de Florianópolis, CEPON e Clinifemina